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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

V
Aqui rondamos a figueira-brava
Figueira-brava figueira-brava
Aqui rondamos a figueira-brava
Às cinco em ponto da madrugada

Entre a idéia
E a realidade
Entre o movimento
E a ação
Tomba a sombra
Porque Teu é o Reino
Entre a concepção
E a criação
Entre a emoção
E a reação
Tomba a Sombra
A vida é muito longa

Entre o desejo
E o espasmo
Entre a potência
E a existência
Entre a essência
E a descendência
Tomba a Sombra
Porque Teu é o Reino
Porque Teu é
A vida é
Porque Teu é o

Assim expira o mundo
Assim expira o mundo
Assim expira o mundo
Não com uma explosão, mas com um suspiro.
T.S. Eliot ( Os Homens Ocos)
(tradução: Ivan Junqueira)

domingo, 18 de julho de 2010

http://www.culturapara.art.br/opoema/tseliot/tseliot.htm

...Tomaram-se os signos por prodígios: "Queremos um signo!"
A Palavra dentro da palavra, incapaz de dizer uma palavra,
Envolta nas gazes da escuridão. Na adolescência do ano
Veio Cristo, o tigre.

T.S.Eliot

terça-feira, 29 de junho de 2010

Do céu a chuva cai,
Forte e barulhenta,
O vento sopra a poeira
E a música do mundo é outra,
O dia muda,
A cor, o som, a luz e o cheiro.
Chuva é bom, mas não para sempre.
A chuva lava o mundo
E me deixa aqui pensando:
A chuva não lava tudo.
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Palavras são organismos.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O meu coração esta cheio de ecos,
Bocas infames de noites malditas.
Perfumes intensos de madrugadas perfeitas.
A hora caindo do céu soberana,
Uma estrela tem o azul desfeito.
Intervalo justo, diminuto. Silêncio.
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Noite em que cantava tua boca vermelha,
Pra a mais perfeita harmonia ecoar,
Uma potência matemática,
E o som de uma estrela.
A unidade sublime,
E o que antes dela havia.
Alcançam o coração,
O corpo e meu sangue.
A hora em conforme perfeito com a melodia
Rompeu adentro do tempo,
Correndo sempre...
-- Ah! Hilda a tua alma é eterna.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A cidade cria pombos
Que voam por entre suas casas sobrepostas.
Nos bairros dos nobres moradores,
Ratos voadores, pousam nas janelas expostas.
Vivem nos arredores,
Dessas casas sempre tão limpas.
O que será que esses pombos comem?
Talvez os restos dos seus filhos.
Sexta, sábado e domingo.
"No domingo almoçaremos todos juntos!"
Advogados, médicos e dentistas,
Enquanto sozinho um pombo pousa
Ao lado de uma velha mendiga,
E todos convivem em harmonia.
Os pombos, os moradores,
A criança no colo da pedinte.
"O almoço esta servido!"
Nas mesas das casas ou em restaurantes,
A burguesia come pombos fritos
Assassinos e ladrões
Tomaram a minha terra,
E na ausência da consciência,
Fizeram a revolução.
Agora o povo esta entorpecido,
Alimentado com falsas ideias,
Dominado por vagas impressões.
Uma semente ja foi plantada,
No corpo e na alma,
De cada cidadão.
A terra não é mais nossa,
Sucumbiu ante a revolução.
Quem quer ser o mágico,
E quem quer ser o escorpião?
"Tu és cabeça e não rabo"
Então sobe no palco e diz alguma coisa:
---- Homem, que homem será?---
Um palhaço olhando e rindo,
Ele finge não saber de nada,
Mas tem um ar de quem já sabe.
--- Afinal qual o motivo de tanta exasperação?---
Eu serei o mágico e você o escorpião.
No final, tudo deve estar certo.
Os judeus e sua conspiração,
O manto com o rosto de Deus,
Os santos rezando por anos.
Nossa vida que vai passando,
O palco se esvaziando.
O espetáculo acabando,
Vão saindo os atores.
O que reveste esse corpo não é pele,
Seu exterior mostra tudo.
--- Não tem alma ---
Carne que pensa?
Carne que lê?
Súbito um salto,
Os homens podem voar?
Fazer o que nos é imposto,
Apaga-se a luz,
Resta apenas um.
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Um pássaro cantando lá fora,
Ele parece chamar teu nome.
Meu pensamento sobe, vai longe.
Existe uma dança no ar:
Locomotivas e auto-naves,
Um chamado bem otimista.
Que triste poderia ser a vida,
Graças a Deus que não é.


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Agora nesse instante,
Eu envelheço um pouco mais,
Quem sabe o que este instante significa?
Meu ultimo grito já não há,
Fez-se em tosse ou lamento.
Ainda resta um fio de pensamento,
A vida outra vez sendo revista,
Ainda que com um pouco de medo.
A fé é sempre renovada,
Corpo salgado e morto,
Assim não apodrece,.
Pobre coração de herói
Em que cravaste o punhal do medo,
Rompendo assim,
Com tudo que lhe era sagrado.
Agora, seu lar
Por certo esta desfeito.
Um tempo pelo deserto,
Encerrar-se em si mesmo.
Que segredos são estes,
Escondidos no espelho,
Na bolsa da jovem Lorena,
Sentada ao meu lado?
O rosto maquiado da adolescente,
Uma coçada no nariz tudo entrega,
O pensamento sobe, vai longe.
Tanto, tanto...
Que se perdeu.
O circo chegou,
Instalou-se na cidade,
Cada qual em sua jaula.
Isso é tudo,
Esse é o mundo.
Isso somos nós.
Que espetáculo,
Olhem o seu rosto.
Que horror!
Que mau gosto.
Vermelho, vermelho.
Ferida exposta.
Vejam todos senhores
O rubor da vergonha.
O olho fecha,
O corpo cai
Em sono profundo.
A minha língua queimada depõe contra as minhas verdades
Coração agora é pedra,
Deve quebrar,
Virar pó, poeira.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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Vesânia noite a dentro
Uma chuva cai impertinente,
Um artista fala na T.V.
Verve clareia a sombra,
A mão escreve:
"Queria tuas tetas"